Com o rito das Cinzas, iniciamos
hoje o tempo sagrado da QUARESMA.
A Bíblia usa com freqüência o período de 40 dias (ou 40 anos) para indicar períodos especiais,
que criam um clima adequado para algo que vai acontecer.
- O Povo caminha 40 anos no
deserto, antes de entrar na Terra Prometida. Foi uma experiência
de Purificação dos falsos deuses, de Adesão aos mandamentos
(Aliança) e de solidariedade no deserto...
- Elias caminha 40 dias e 40 noites até o Monte
sagrado de Oreb;
- O Dilúvio: 40 dias para purificar a humanidade
corrompida;
- Moisés: 40 dias no Sinai antes de receber a Lei...
- Jesus: 40 dias no deserto
antes de iniciar a vida pública...
- Quaresma é para nós um tempo
forte de conversão e renovação
em preparação à
PASCOA.
+ A Liturgia nos aponta o espírito que deve animar esse tempo:
Na 1a Leitura, o
profeta Joel convoca o povo de Israel em assembléia e o exorta à conversão:
"Rasgai os vossos
corações, não as vossas vestes". (Jl 2,12-18)
* A Quaresma é tempo de rasgar o coração e voltar ao Senhor.
Tempo de retomar o caminho de se abrir à graça do Senhor, que nos ama e no
socorre.
O Salmo 50 é um forte apelo
penitencial: Pequei, Senhor,
misericórdia".
Na 2a Leitura, Paulo exorta
os Coríntios e hoje a nós:
"Reconciliai-vos
com Deus... Eis agora o tempo favorável." 2Cor 5,20-6,2)
No Evangelho Jesus apresenta
três práticas religiosas dos judeus
(a esmola, a oração e o Jejum),que devem ser realizadas com autenticidade, sem
exibicionismo...
São também os três caminhos quaresmais apontados pela
Igreja:
- A Oração nos leva a uma EXPERIÊNCIA pessoal
com Deus..
- O Jejum nos leva a um gesto concreto
de conversão:
privar-se de algo
para uma liberdade interior maior.
- A Esmola nos leva a nos doar aos irmãos,
no serviço fraterno,
em gesto de
solidariedade e de partilha.
No caminho de conversão quaresmal, a Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil nos apresenta a CAMPANHA DA FRATERNIDADE como itinerário de libertação pessoal, comunitária e social.
Tráfico Humano e Fraternidade é o tema
dessa Campanha em 2014.
O lema é inspirado na carta aos Gálatas:
"É para a liberdade que Cristo nos libertou"
(5,1).
O Objetivo Geral é identificar as
práticas de tráfico humano
em suas várias formas e denunciá-lo como violação
da dignidade e da liberdade humana,
mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar
esse mal,
com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus
Objetivos específicos são:
- Identificar as causas e modalidades do tráfico humano e os
rostos que sofrem com essa
exploração;
- Denunciar as estruturas e situações causadoras do tráfico
humano;
- Cobrar dos poderes públicos, políticas e meios para a
reinserção na vida familiar e
social das pessoas atingidas pelo tráfico humano.
- Promover ações de prevenção e de resgate da cidadania das
pessoas em situação de
tráfico.
- Suscitar, à luz da Palavra de Deus, a conversão que
conduza ao empenho transformador dessa realidade aviltante da
pessoa humana.
- Celebrar o mistério da morte e ressurreição de Jesus
Cristo, sensibilizando
para a solidariedade e o cuidado às vítimas desse mal.
A situação do tráfico humano no
país e no mundo é alarmante: a Organização Internacional do
Trabalho atenta para o aumento de vitimas do tráfico humano, do
trabalho forçado e
do tráfico para a exploração
sexual.
De acordo com o site da
Organização das Nações Unidas, no Brasil, o tráfico de pessoas
faz cerca de 2,5 milhões de vítimas por ano, incluindo homens, mulheres e
crianças,
mas principalmente pessoas
vulneráveis e carentes, psicologicamente e de recursos.
O tema da Campanha da
Fraternidade chegará junto com a Copa de 2014, época em que o país receberá
muitos eventos e visitantes, o que pode favorecer a ação de
aliciadores e traficantes.
A Campanha será intensificada com
um trabalho de conscientização para minimizar a prática
criminosa.
Segundo a ONU, o tráfico de
pessoas é bastante lucrativo:
movimenta anualmente 32 bilhões
de dólares em todo o mundo.
Desse valor, 85% provém da
exploração sexual.
Diante de um crime que clama aos céus, como o tráfico
humano, não se pode permanecer indiferente, sobretudo os
discípulos-missionários.
A Conferência de Aparecida reafirmou à Igreja latino-americana que sua missão implica necessariamente advogar pela justiça
e defender os pobres, especialmente em relação às situações que
envolvem morte.
Que as cinzas, que hoje recebemos com devoção na fronte, sejam um sinal externo de nossa adesão sincera e ardorosa nessa
campanha...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Queremos saber sua opinião. Lembre-se que este espaço é democrático, respeite a opinião do próximo.